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Software é desenvolvido para monitorar traça do tomate

O protótipo pioneiro poderá ser usado em smartphones para ajudar os produtores na tomada de decisão


Tomate com traça

Estudante da Universidade Federal de Lavras (UFV) no sul de Minas Gerais, desenvolve protótipo de software para monitorar a traça do tomateiro. A traça do tomateiro (Tuta absoluta) é uma das principais pragas que afetam a cultura do tomate e gera prejuízos ao tomaticultor. A praga afeta desde as folhas até os frutos, o que causa grande prejuízo econômico. 

A inovação tecnológica de monitoramento está entre os vencedores do 19º Prêmio Destaque na Iniciação Científica e Tecnológica, promovida pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Allana Guedes, do curso de Agronomia é a autora do software. A acadêmica é estagiária do Laboratório de Manejo Integrado de Praga, do Departamento de Entomologia (DDE). 

O protótipo pioneiro poderá ser usado em smartphones para ajudar os produtores na tomada de decisão. O objetivo é que os agricultores alimentem o sistema com dados sobre a plantação, população de traças, a fim de determinar custos e melhorar as formas de controle, além de reduzir aplicações de inseticidas. A Tuta absoluta aparece especialmente em períodos secos e ocorre durante o ano todo. *Agrolink/Iara Siqueira

Saiba como controlar a traça do tomateiro - A traça do tomateiro (Tuta absoluta) é uma das principais pragas que afetam a cultura do tomate. Ela aparece especialmente em períodos mais secos, e é responsável por causar danos significativos nas plantas (desde às folhas até os frutos), podendo acarretar em enormes prejuízos econômicos aos horticultores. Sua presença também afeta a sanidade dos materiais, uma vez que o ataque da traça pode facilitar a contaminação por patógenos. Para evitar a praga, produtores devem ficar atentos aos menores indícios de seu aparecimento, evitando e controlando proliferação o quanto antes.

Os adultos da traça do tomateiro são pequenas mariposas que apresentam uma coloração acinzentada e cerca de 10mm de comprimento. Devido ao cheiro das cultivares do tomate, são atraídas para ambientes abertos e até mesmo estufas. Apesar de o ambiente protegido (estufas) apresentar vantagens em relação a entrada de pragas, quando a traça se instala em uma estufa encontra as condições perfeitas para se reproduzir, podendo ter o ciclo encurtado (de 30 para 20 dias), o que exige uma ação ainda mais rápida dos horticultores.  Entretanto, a vantagem do ambiente fechado é a facilidade no monitoramento e controle da praga, já que a possibilidade de surgirem novas traças adultas é menor.

As traças se proliferam rapidamente, em um ciclo de cerca de 20 a 30 dias. Ao longo do dia, as traças adultas se escondem nas folhas do tomateiro ou de cultivares hospedeiras, e nos períodos de manhã e fim de tarde (mais frescos) acasalam e depositam os ovos nas cultivares. Cada fêmea pode depositar de 55 a 130 ovos durante 3 a 7 dias. Eles são depositados principalmente nas folhas do terço superior da planta, mas também podem ser encontrados nas hastes, flores e frutos. Possuem formato arredondado e coloração amarelada, mudando para marrom quando estão próximos de eclodir, fenômeno que ocorre de três a cinco dias após a postura.

A traça coloca seus ovos nas folhas, hastes, flores e frutos do tomateiro. Eles eclodem e se transformam

em lagartas que se alimentam das folha e frutos, fazendo "túneis" dentro destes e danificando a lavoura - Foto: Canal do Horticultor

Deles surgem as lagartas (estágio da praga que ocasiona danos), que tem de 6mm a 10mm, aproximadamente. Elas se abrigam na parênquima foliar, nos frutos ou nas ápices das hastes, onde permanecem de oito a dez dias, quando se transformam em pupas e dão origem a novas mariposas.

As lagartas, responsáveis pelos danos na lavoura, abrem galerias nas folhas e se alimentam do interior dessas. Atacam da mesma forma o caule e os frutos. Nos locais afetados, observam-se muitos pontinhos pretos, que são as fezes destes insetos. Em ataques severos elas podem destruir completamente as folhas do tomateiro, o que ocasiona no secamento dos folíolos e consequente morte das plantas.

Os frutos danificados ficam impróprios para comercialização, além de ser facilitada a contaminação por patógenos (fungos e bactérias). Já as plantas ficam com a capacidade de produção reduzida, havendo queda de frutos e maturação forçada dos que permanecem.

Saiba como controlar a traça do tomateiro - Uma das recomendações de Claudio Nunes, gerente de desenvolvimento de produto da ISLA, é que os produtores invistam em áreas protegidas, que podem evitar a entrada massiva da traça. O ideal é que em épocas mais secas (as preferidas dos insetos) eles preparem armadilhas na entrada das estufas, evitando um ataque maior e monitorando a presença das mariposas.

Para que o resultado seja efetivo, é fundamental que os produtores trabalhem dentro de dois princípios: monitoramento e controle. O monitoramento é para que seja possível perceber e presença da traça nos ambientes, podendo agir o quanto antes para evitar a sua proliferação e ataques mais severos à lavoura. Ele pode ser feito com armadilhas de ferormônio ou até mesmo armadilhas coloridas.

O controle pode ser feito de forma biológica ou com químicos, mas é importante que o produtor leve em consideração que a Tuta Absoluta tem um nível de resistência muito alto, o que torna alguns produtos ineficientes e necessária a rotação de inseticidas com grupos químicos diferentes. Hoje, o mais indicado é o controle biológico com o Trichogramma, uma mini vespa que parasita e se alimenta dos ovos da mariposa, interrompendo o seu clico e garantindo que não nasçam novas traças. Ele pode ser associado a outros métodos, como a aplicações do inseticida biológico Bacillus Thuringiensis.

Uma das medidas adotadas para reduzir a população da traça é limitar a oferta de alimentos para o inseto, o que pode ser realizado com a fixação de período permitido para plantio. Em Goiás, por exemplo, produtores do tomate indústria adotam um calendário de plantio anual, mantendo um período livre do plantio durante três meses. Também é indicado que se evitem os plantios sucessivos na mesma área e que seja feita a destruição dos restos culturais após a colheita. Isto pois a manutenção dos restos culturais permite que as pupas (que se fixam nas folhas e no caso do tomate rasteiro até mesmo no solo) se desenvolvam e originem mais traças, que podem se alastrar para novas áreas.

Um dos cuidados essenciais é com as culturas hospedeiras. Muitas traças são encontradas em outras culturas, como a de pimentão, por exemplo. Elas ficam "escondidas" nestes locais, apresentando um risco para produtores que se empenharem em resolver o problema apenas nos tomateiros. O indicado é eliminar as plantas hospedeiras.

irrigação por aspersão ou pivô central também pode auxiliar no controle da traça, uma vez que derruba até 30% dos ovos, contribuindo também para a mortalidade das pupas que estão no solo e interferindo na capacidade de multiplicação dos insetos.

De qualquer forma, cada produção tem as suas particularidades quando à solo, adubação e condições para as culturas se desenvolverem. Ao buscar uma solução para a presença da traça, é recomendado que produtores procurem profissionais capacitados para a recomendação, que poderão identificar as singularidades de cada lavoura e indicar o tratamento mais adequado. *Canal do Horticultor

Fontes: Entrevista com Claudio Nunes, gerente de desenvolvimento de produto da ISLA Sementes. Roda de conversa com Camila Correia Vargas e Matheus Gomes, da empresa Bioin e com o Eng. Agrônomo e pesquisador Nelson Weber/Embrapa Hortaliças - Veja mais: https://www.youtube.com/watch?v=V9hmnLL17gM&t=12s

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