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O pensar com o fazer que deu certo em Santa Catarina

Inconformados com essa realidade, um grupo de empreendedores catarinenses, liderados por Celso Ramos, tinha como meta principal tirar a indústria catarinense do atraso


Todas as cidades passam por vários ciclos sócio-econômicos e hoje, muitos governos municipais, estaduais e até federais, acabam esquecendo onde tudo começou.

Com este artigo, o administrador, contabilista, auditor fiscal e professor Walmor Tadeu Scgweitzer, vem mostrar às administrações atuais, que podem fazer melhor, olhando para o passado e tirando o melhor da história para seu trabalho! 

E assim, podemos entender também como nossa Lages, foi no passado, a maior economia e mola propulsora do desenvolvimento de Santa Catarina!

Hoje o Estado de Santa Catarina está no topo do ranking brasileiro de desenvolvimento humano e econômico, entretanto, nem sempre foi assim.
Planejar é definir objetivos, avaliar a situação atual, estimar o futuro e identificar meios para alcançar os objetivos. É casar o pensar com o "fazer", e fazer bem feito no tempo certo.
O Estado brasileiro, dentre outras atribuições, vem exercendo desde muito tempo um papel relevante em todos os setores da economia, como um Estado organizador e incentivador do setor produtivo.
É indubitável que o planejamento público é a principal peça da gestão de um governo. É responsável por promover a convergência do conjunto das ações públicas que visam ao comprimento das estratégias governamentais.
Em Santa Catarina, o planejamento público começou tardiamente se comparado com a dina?mica nacional. Entre os Estados do Sul, até 1962 o estado catarinense era de menor importância econômica e de menor índice de desenvolvimento humano. A época era mais conhecido pelos brasileiros, como um estado de passagem do Paraná para o Rio Grande do Sul.
Durante o decênio de 50, a indústria catarinense dava sinais de dificuldades no prosseguimento do seu projeto de expansão da produção industrial, isto porque havia parcos recursos para o financiamento às empresas, poucas estradas para o escoamento da produção, precariedade energética e a falta de qualificação profissional do trabalhador.

Inconformados com essa realidade, um grupo de empreendedores catarinenses, liderados por Celso Ramos, tinha como meta principal tirar a indústria catarinense do atraso. Foi aí que fundaram então, em 25  de maio de 1950, a Federação das Indústrias  do Estado de Santa Catarina (FIESC).
Celso eleito como primeiro presidente da FIESC, tratou de intensificar a formatação de um moderno e diversificado parque industrial para Santa Catarina. Seu entusiasmo pela indústria era tanto que passou 10 anos à frente da FIESC, elegendo-se para cinco mandatos consecutivos.
Umas das medidas iniciais tomadas por ele, foi  buscar o reconhecimento da FIESC pela Confederação Nacional da Indústria - CNI, da necessidade de ampliar a competitividade e o desenvolvimento da indústria catarinense.  Com isso, conseguiu a instalação no estado dos departamentos regionais do Serviço Social da Indústria - SESI, e do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial - SENAI, que por sinal deram importantíssimo suporte para alavancar o desenvolvimento das indústrias.

Destaca-se, que o SENAI catarinense foi pioneiro no Brasil na aplicação de um método de treinamento rápido dentro da fábrica, uma metodologia que fora desenvolvida nos Estados Unidos.
Somando-se a bem sucedida instalação do SESI e SENAI no território catarinense, a FIESC organizou o inédito Seminário Sócio-econômico, que tinha como propósito identificar os principais entraves do desenvolvimento de Santa Catarina, da mesma forma, colher sugestões para saneamento desses entraves.
Em cumprimento ao propósito estabelecido pela FIESC, foi colocado em prática o Seminário Sócio-econômico nas cidades catarinenses, em várias etapas. Estiveram presentes nesse evento mais de três mil lideranças regionais e representantes de instituições pu?blicas e privadas de todas as regiões do estado, onde participaram ativamente do levantamento de informações, respondendo a questiona?rios.
Ao final dos trabalhos, cada região consolidou seus dados e o relatório estadual foi unificado, dando orígem ao denominado "Documento Ba?sico", que sintetizou toda a realidade pesquisada, juntamente com as idéias de soluções aos problemas existentes.
Eleito governador em 03 de outubro de 1960, para o quinquênio de 1961-1965, o lageano Celso Ramos montou uma equipe de jovens e competentes secretários e assessores, entre os quais se destacaram o advogado e economista Alcides Abreu, o engenheiro Annes Gualberto, o empresário Fernando Marcondes de Mattos e o engenheiro agrônomo Glauco Olinger.

               Na foto, os pesquisadores e doutores da Epagri de Caçador/SC, Luiz Carlos Argenta, eng° agr° Glauco Olinger, Renato Vieira e José Luiz Petri

O PLAMEG (1) aprovado pela Assembleia Legislativa em 21 de julho de 1961, através da Lei nº 2.772, cujo teor foi formatado pela nova equipe de governo a partir do "Documento Ba?sico", oriundo dos dados coletados sobre a economia catarinense, quando da realização do conhecido Seminário Sócio-econômico.  

Observa-se que a Lei Orçamentária aprovada em 21 de julho de 1961, inaugurou um procedimento inédito no Brasil, um orçamento Plurianual com validade para cinco anos, ou seja, assentado em um único documento as metas do governo para o mandato do Chefe do Poder Executivo Estadual. Registra-se ainda como inétido nesse orçamento, o comprometimento do governo de investir mais de 50% das receitas do tesouro estadual em Infraestrura.

Decorrente da aprovação do PLAMEG (1), foram criadas instituições essenciais para Santa Catarina, entre as quais a Centrais Elétricas de Santa Catarina - CELESC, o Banco do Estado de Santa Catarina - BESC, com os Governadores do Paraná e Rio Grande do Sul, o Banco Regional de Desenvolvimento (BRDE), a Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC, a Empresa de Eletrificação Rural de Santa Catarina - ERUSC, e a Secretaria do Oeste, que foram fundamentais para o fortalecimento do modelo agroindustrial catarinense.
O sucesso das medidas contempladas no Plano de Metas do Governo - PLAMEG (1), se fez sentir pela população catarinense ao final da gestão de Celso Ramos, pois já se observava a diversidade e a pujança da economia catarinense em empresas importantes de setores como o da agropecuário e de outros alimentos, eletro-metalmecânico, de plástico e cerâmico, de porcelana e cristais, têxtil e vestuário, madeireiro, de papel e celulose, moveleiro e carbonífero.

Acrescenta-se aos resultados advindos do excelente plano governamental, a incorporação aos produtos industriais catarinenses um maior valor agregado e as conquistas de espaço no comércio internacional - algo que, até então, estava praticamente limitado à atividade madeireira.
Celso Ramos pela sua competência, liderança e visão de futuro, se não foi o mais importante, está entre os mais importantes personagens do cenário politico e econômico da história catarinense. Durante a sua legislatura, por possuir uma enorme experiência na iniciativa privada, fez do Estado Barriga Verde, um grande canteiro de obras, tornando-o hoje diferenciado dos demais entes da federação. Ao final do seu governo, usou todo o prestigio advindo da exitosa gestão do Estado para eleger Ivo Silveira seu sucessor ao governo estadual. Posteriormente, elegeu-se Senador da República, cargo que exerceu entre 1967 e 1975. Carlos Henrique Ramos da Fonseca disse que seu avô, após sair da política, retornou a atividade de pecuarista com foco na criação de gado leiteiro no interior de Florianópolis.

A colaboração lageana no desenvolvimento catarinense - A indústria madeireira já representava, no início do século XX, uma importante e rentável atividade econômica, com diversas inter-relações com outros setores da economia. Essa atividade requer uma sucessão de operações, que começa com a extração, depois o transporte, beneficiamento e armazenamento.
O Brasil desde sempre, pela sua enorme reserva florestal, foi e ainda é, um grande produtor e exportador de madeira, cujo produto é utilizado de diversas formas, tais como móveis, tábuas para construção civil, celulose para a fabricação do papel, entre outros derivados da madeira.
A 2ª  grande Guerra Mundial fez com que as reservas de madeira começassem a se esgotar no Vale do Itajaí.

Em decorrência disso e da existência de uma significativa reserva de pinheiros araucária nos campos de Lages, abriu-se uma oportunidade para que a cidade se destacasse no cenário econômico estadual.
Historicamente sabe-se que a pecuária no planalto serrano é resultante do tropeirismo, que se estendia desde o Rio Grande Sul até as feiras da cidade de Sorocaba, em São Paulo.
Aos poucos os fazendeiros serranos, por possuírem em suas terras uma boa reserva de pinheiros, diminuíram a lida com o rebanho bovino para concentrar suas atividades na promissora exploração de madeira, cujo processo de produção foi oportunamente viabilizado pelo vinda dos gaúchos rio-grandenses à Lages, instalando muitas serrarias.
Desse modo, donos de serrarias e proprietários de terras formaram uma lucrativa parceria na produção e comercialização de madeira, primeiro com destino a reconstrução da Europa no pós-segunda guerra mundial, e segundo para a construção de Brasília.
Com o aquecimento da economia serrana a partir do decênio de 1940, devido a produção de madeira em larga escala, Lages passou por um bom tempo como a primeira em arrecadação tributária de Santa Catarina, contribuindo sobremaneira com os cofres do Estado para a execução do Plano de Metas de Governo PLAMEG 1 (1961 a 1965), liderado pelo Governador Celso Ramos, e elaborado pelos professores Glauco Olinger (lageano) e Alcides de Abreu (tijucano).

Por fim, registra-se nesse singelo artigo a nossa homenagem a Celso Ramos, um ilustre e visionário cidadão da terra do Bandeirante Antônio Corrêa Pinto de Macedo, que criou e colocou em prática um bem sucedido modelo de desenvolvimento econômico, que provido em grande parte com os recursos tributários oriundos da Região Serrana, deram as condições necessárias para que Santa Catarina seja hoje, um estado diferenciado entre os demais da federação. *Walmor Tadeu Scgweitzer

Veja um pouco mais da história do Governador Celso Ramos - https://ndmais.com.br/politica/o-homem-que-empurrou-santa-catarina-para-o-futuro/

                           Há 125 anos nascia Celso Ramos, governador, senador e fundador da FIESC

 

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