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10 Motivos que te levam ao fracasso no controle de pragas

Nos últimos anos, as pragas têm causado pesadelos a muitos produtores e técnicos que trabalham com a cultura do morangueiro


Nos últimos anos, as pragas têm causado pesadelos a muitos produtores e técnicos que trabalham com a cultura do morangueiro - Mas será que são pragas novas?

As pragas chave do Morangueiro somam 20 espécies de importância econômica e grande parte delas está aí já há vários anos. Qual a dificuldade para controlar, se já são conhecidas?

                                                                              Engenheira Agrônoma Karina Calil Caparroz  - CEO Miguel Arcanjo Treinamentos

10 motivos que levam ao fracasso no controle de pragas:

  1. Não ter atenção aos detalhes: nossa vida está muito corrida e estamos frequentemente desatentos;
  2. Entender que a maior parte das pragas do morangueiro são muito pequenas: portanto temos que estar munidos de lupas e microscópio usb para um monitoramento efetivo;
  3. Mudas e substratos de qualidade duvidosa: inventa-se muita "moda", misturas caseiras sem critério e substratos de fonte duvidosa muitas vezes não apropriados para a cultura do morangueiro, mudas sem procedência e sem nota fiscal;
  4. Nutrição desequilibrada: favorece a alimentação, principalmente de pragas sugadoras;
  5. Irrigação sem nenhum critério: algumas pragas são favorecidas com alta umidade, como fungus gnats e ácaro do enfezamento, outras são favorecidas com a falta da umidade, como ácaro rajado;
  6. Não adquirir equipamentos para a visualização: vem de encontro ao item 2. Engraçado que são itens de baixo investimento, fácil acesso e se peca muito por não os ter;
  7. Não ir em busca de conhecimento do ciclo biológico das pragas: aplicações sequenciais podem ser necessárias para a quebra do ciclo da praga;
  8. Não se qualificar em MIP: no manejo integrado de pragas se utilizam diversas técnicas para monitoramento e controle de pragas;
  9. Utilização incorreta dos produtos biológicos: alguns produtos necessitam de um meio mais ácido para ter eficiência, como no caso do Btk e outros umidade do ar acima de 60% como a Beauveria;
  10. Falta rotacionar controle químico: usando sempre produtos com mesmo modo de ação acabamos por selecionar populações resistentes de diversas espécies de pragas.

 

Quais mudanças são necessárias para que tenhamos sucesso no controle?

  1. Mais atenção na vegetação do entorno: são muitas as plantas que nos rodeiam. Ter conhecimento sobre a identificação das pragas e inimigos (amigos) naturais vão ajudar na seleção de plantas que nos ajudam e eliminação das plantas que nos atrapalham. No caso de colheita de grandes culturas, buscar saber as pragas em comum das duas culturas e assim será possível se precaver e adotar estratégias de controle efetivas para aquele determinado momento;
  2. Mais atenção aos detalhes: é uma murcha que tem que ser percebida, um raspado de folha que deve ser notado, focos de infestação de ácaro devem ser demarcados com bandeirinhas e controlados localmente, assim economizamos muito dinheiro e contemos o avanço da praga;
  3. Mais cuidado com a irrigação e nutrição: água e nutrição devem ser fornecidas em quantidades equilibradas e de acordo com a época do ano (clima), cultivar e fase de desenvolvimento da planta, não há "receita de bolo", ajustes terão que ser feitos com frequência:
  4. Se dedique a estudar: busque livros de qualidade, treinamentos com pessoas capacitadas, a cultura do morangueiro é complexa e requer estudos e aplicação prática para se atingir a excelência na produção. No quesito pragas é assustador a quantidade de produtores que desconhece as pragas da cultura;
  5. Preservação dos inimigos (amigos) naturais: há uma enorme quantidade de organismos benéficos que nos rodeiam, macro e microbiológicos. Insetos e ácaros predadores, insetos parasitas e parasitoides, nematóides entomopatogênicos, fungos, bactérias e vírus que podem nos ajudar no controle de pragas. Quando usamos fungicidas e inseticidas não seletivos sem precisar (aplicações calendarizadas), atrapalhamos a ação desses "amigos" e causamos um desequilíbrio tremendo. Tudo isso leva a uma resposta assertiva daquela pergunta: Por que a 50 anos atrás não tínhamos tanta praga nem tanto prejuízo econômico com elas? Porque antes não usávamos tanto produto sem necessidade.

Infelizmente achamos que o sucesso no controle está ligado a apenas um produto "milagroso", mas sem esse conjunto detalhado de atitudes, de ações, não será possível alcançar o controle que tanto almejamos. Aplicações de produtos calendarizadas e o uso de uma grande quantidade de armadilhas sem necessidade vão levar não só a um desequilíbrio em nível de pragas e inimigos naturais, mas a longo prazo vão afetar, com certeza, os anfíbios (sapos), os pássaros insetívoros, dentre outras espécies que dependem de insetos para sobreviver.

Controle efetivo, mas com responsabilidade é o que defendemos!

*Engenheira Agrônoma Karina Calil Caparroz/CEO Miguel Arcanjo Treinamentos/Idealizadora do Programa Mestre do Morango - [email protected]

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