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Ampliação da rede de canais de irrigação do DF já recebeu R$ 16 milhões

Desde 2019, GDF construiu mais de 84 km de tubulação e reformou outros 46 km, aumentando as safras de cerca de 800 produtores rurais; canais da Lagoinha, Tabatinga e Rodeador estão em construção


O Distrito Federal tem se destacado nas produções de morango, uva e goiaba

Antes da construção do canal de irrigação do Núcleo Rural Córrego das Corujas, no Sol Nascente, não havia cultivo que sobrevivesse à seca. "Só plantávamos em época de chuva, senão a produção morria", lembra a produtora rural Adriana Souza Nolasco, 48.

Dois anos após a entrega da tubulação, a realidade mudou consideravelmente: "Não dava para plantar muita variedade, só o que não precisava de irrigação constante e diária; com o canal, isso mudou. Hoje em dia, planto banana, graviola, tamarindo, mexerica, limão, abacate, acerola".

Córrego das Corujas: "O canal mudou muito não só a minha vida, mas também a dos meus vizinhos" | Fotos: Lúcio Bernardo Jr./Agência Brasília

Adriana é agricultora familiar e mantém contrato com o governo federal por meio do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA). "Antes do canal, eu só tinha plantações de banana para consumo próprio", conta. "Hoje tenho 600 covas, cada uma com três pés, com perspectiva de aumentar a plantação, e entrego de 200 kg a 400 kg para o programa mensalmente. Tenho a certeza de que, se eu precisar pegar um empréstimo em um banco para investir na minha propriedade, vou poder pagar, porque tenho produção para esse fim. É a realização de um sonho: posso plantar e colher da minha terra".

Com extensão de 5,25 km, o canal de irrigação do Núcleo Rural Córrego das Corujas atende cerca de 50 produtores rurais, incluindo Adriana, e foi construído a partir de emenda parlamentar do deputado Chico Vigilante no valor de R$ 260 mil. Adriana comemora: "O canal mudou muito não só a minha vida, mas também a dos meus vizinhos. Foi a conquista de um sonho antigo. Agora temos a garantia de plantar e saber que a plantação não vai morrer, porque podemos irrigar".

Desde 2019, o Governo do Distrito Federal (GDF) já investiu R$ 15.892.611,32 na construção de 29 canais de irrigação. O valor é referente à compra dos tubos feitos com polietileno de alta densidade (PAD) e policloreto de vinila (PVC). O benefício chegou a 758 produtores rurais que, com a tubulação, têm mais segurança para trabalhar e empreender. Ao todo, os canais construídos somam 84,34 km de extensão. Houve também a manutenção e reforma de 45 km de canais.

Atualmente, estão em construção os canais da Lagoinha, no Capão Seco, que tem 800 metros de extensão e beneficia 15 produtores; um trecho de Tabatinga, em Planaltina, que soma 100 metros e atende a 36 produtores, e o canal principal do Rodeador, em Brazlândia, com extensão de 8,6 km e potencial para beneficiar mais 93 produtores. Em 16 de outubro, foi entregue o canal de cerca de 11,5 km que atende 31 famílias do Assentamento Márcia Cordeiro Leite, em Planaltina. A obra custou R$ 350 mil, recursos originários de emendas parlamentares.

Seagri fornece o maquinário, Emater faz acompanhamento técnico e moradores constroem as caixas de distribuição da água: produção garantida para todos

Construídos anteriormente com manilhas de concreto ou no próprio leito da terra a céu aberto, os canais sofriam com perda de cerca de 50% do volume de água. Havia infiltração do recurso hídrico no solo e interferência da natureza, como a queda de galhos e folhas. O cenário para os produtores era de insegurança: não sabiam se a água chegaria à propriedade nem se o que chegasse seria suficiente para manter a irrigação das plantações.

?A construção dos canais conta com a união de esforços entre o governo e a população. A Secretaria de Agricultura do Distrito Federal (Seagri) fornece o maquinário usado na obra. Já a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do DF (Emater) é responsável pelo projeto e acompanhamento técnico. Aos moradores da comunidade, cabe construir as caixas de distribuição de água em suas propriedades.

Prioridade - O secretário-executivo da Seagri, Rafael Bueno, ressalta que a demanda dos canais é considerada prioridade desde 2019. Ele adianta que há tratativas com órgãos e entidades federais para ampliar ainda mais o número de canais revitalizados ou reconstruídos.

"Esse empenho é muito importante, uma vez que a água, que estava se perdendo por infiltração e evaporação, hoje está sobrando nos riachos e para o produtor", aponta. "Muitas propriedades que estavam secas, assim como no Assentamento Márcia Cordeiro e no Núcleo Rural Capão Seco, passaram a contar com essa água."

O assessor técnico da Emater Edvan Ribeiro afirma que, além do efeito econômico, o esforço apresentou impactos sociais e ambientais. "Com o canal, a água que antes era desperdiçada passa a ser utilizada nas plantações e o que sobra volta para os mananciais", detalha. "Do ponto de vista ambiental, garantimos as condições de trabalho adequadas para a população rural. Tem produtor que passou dez anos sem receber água, principalmente aqueles que estão no final do canal. Alguns tinham perdido a esperança, e hoje contam com água diretamente na propriedade."

?Segundo Ribeiro, que é responsável pelo mapeamento dos canais, oito estruturas têm a previsão de ser tubuladas no próximo ano. No total, o DF conta com 65 canais de irrigação, somando mais de 235 km. "Começamos pelos principais canais, que atendem a um número maior de produtores, mas a meta é chegar a todos", assegura.

Geraldo Lopes, do Núcleo Rural  Ponta Alta Norte, é um dos produtores beneficiados com a reforma do sistema de irrigação:

"O canal era a céu aberto; então, na época da seca, a água evaporava muito" 

Impacto geracional - Construído em 2022, o canal de irrigação do Núcleo Rural Ponte Alta Norte, no Gama, significa recomeço para os 24 produtores atendidos. A tubulação foi instalada com aporte de R$ 150 mil.

O aposentado Geraldo Conceição Lopes, 61, conta que, sem a garantia da água, grande parte dos moradores abandonaram as plantações. "O canal era a céu aberto; então, na época da seca, a água evaporava muito", recorda. "A gente ficava receoso de começar uma produção, a água acabar e a gente perder tudo".

?Tão logo foi sanado o desperdício do recurso hídrico, a água passou a chegar diariamente à propriedade dele e à da vizinha, a aposentada Marileuza Andrade, 62. O canal permitiu que a produtora rural plantasse café, das espécies catuaí-amarelo e vermelho. O cultivo começou no ano passado, quando foram colhidas oito sacas. Para o próximo ano, a meta é dobrar o resultado.

"Agora, a gente tem confiança de poder investir em mudas ou em um projeto mais pesado que exija fazer a irrigação de forma mais criteriosa", comenta a produtora. "Antes era uma instabilidade muito grande, e depender do poço artesiano era muito dispendioso, pois precisávamos de mais energia elétrica. Estamos pensando em novos projetos com a Emater, que sempre está presente com assistência técnica. O projeto do café tem sido bem interessante e traz novos desafios, desde como colocar o produto no mercado até a melhor forma de descascar as sementes."

Já Geraldo aposta no cultivo de limão e almeja que a produção seja autossustentável, para não precisar trabalhar de outras formas e poder bancar um intercâmbio de estudos para a filha. "Este será o primeiro ano em que vamos produzir de verdade", diz. "Nesse ano que passou, consegui colher oito sacos de limão de 15 kg cada, e foram vendidos rapidamente. Minha intenção é progredir, cultivar a terra, aumentar os frutos e ganhar mais dinheiro."

Arte: Agência Brasília - Veja vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=QayHHKPpQ2Y

Em lançamento da Feira do Morango, governador celebra momento do agro no DF/Durante a solenidade, Ibaneis Rocha destacou o investimento no setor que movimenta R$ 160 milhões nas três principais culturas da capital: morango, uva e goiaba - O Distrito Federal tem se destacado no cultivo de três culturas: morango, uva e goiaba. Cada uma delas tem uma festa própria na programação da cidade para celebrar e comercializar a produção local. Em setembro foi a vez da Feira do Morango, que chegou à 27ª edição a partir do dia 1º e seguiu até o dia 10 em Brazlândia. Para lançar o evento, a comunidade agro se reuniu na manhã de quinta-feira (24/09) no Salão Branco do Palácio do Buriti. Na ocasião, o governador Ibaneis Rocha, secretários e deputados foram homenageados com placas de reconhecimento do apoio ao setor.

O governador Ibaneis Rocha, secretários e deputados foram homenageados com placas de reconhecimento pelo apoio ao agronegócio | Fotos: Renato Alves/Agência Brasília

"Temos investido muito nas áreas rurais do Distrito Federal que estão ganhando infraestrutura para que as famílias que resolveram morar no campo tenham todas as condições de trabalho e de vida. Temos crescido cada vez mais na produção de frutas e no setor agrícola como um todo", afirmou o governador.

Entre os investimentos do GDF, o chefe do Executivo citou a implantação de pavimento nas áreas rurais, a criação do Instituto de Terras para regularização de terrenos, o avanço na construção e substituição dos canais de irrigação nas propriedades do campo, além do apoio governamental nas feiras de fruticultura e nos eventos do setor agro em geral. "Até o último dia do mandato vamos continuar trabalhando para melhorar a vida das pessoas que adotaram o agronegócio como profissão", acrescentou.

De acordo com a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-DF), juntas, as produções das três frutas representam a movimentação de R$ 160 milhões na economia rural. "Acho que esse é o momento de reforçarmos a importância do agro no Distrito Federal. Isso porque nós estamos falando apenas de três culturas da fruticultura, sem falar do restante da agricultura que é extremamente forte e pulsante. Hoje nós temos que agradecer o empenho do governo que, de fato, transformou as feiras de negócios do agro do DF, dando um salto na nossa produção", destacou o presidente da Emater, Cleison Duval.

O secretário-executivo de Agricultura, Rafael Bueno, destacou que o DF é o terceiro maior produtor de morango do Brasil, tendo relevância no abastecimento do Centro-Oeste. "Temos como uma atividade principal de renda para várias famílias. A Feira do Morango é muito importante, como a da goiaba e da uva, porque elas projetam a produção do Distrito Federal para aquelas pessoas que estão na cidade, além de ajudarem na comercialização dos próprios frutos e se tornarem um centro de diversão e entretenimento para as famílias", analisou. Bueno também lembrou que o governo tem atuado na região para construir um centro de comercialização, além do Canal do Rodeador, com investimento de R$ 6 milhões.

Festejo - A 27ª Feira do Morango foi realizada nos dias 1º, 2, 3, 6, 7, 8, 9 e 10 de setembro na sede da Associação Rural e Cultural Alexandre de Gusmão (Arcag), localizada no km 13 da BR-080, em Brazlândia. Organizada pela entidade e com apoio dos órgãos do GDF, a festa teve entrada franca e contou com várias delícias provenientes do pseudofruto, como geleias, sucos, tortas e até chope.

A expectativa foi receber até 500 mil pessoas durante os oito dias de evento, que teve a participação de 40 produtores locais. Atualmente, a região administrativa é responsável por 90% do cultivo de morango no DF. "Essas feiras vêm muito para ajudar e incentivar os produtores a melhorarem as produções e a aumentar a renda, principalmente. Tanto dos produtores, como da própria cidade de Brazlândia", explicou o presidente da Arcag, José Yamata.

Para o administrador de Brazlândia, Marcelo Gonçalves, a realização de mais uma edição da feira dá continuidade ao calendário de festas das frutas do Distrito Federal. "Iniciamos em março com a Festa da Goiaba. Em agosto, tivemos a celebração da uva. E começamos na sexta-feira a Feira da Morango. Antecipamos para que as famílias possam ir mais tranquilas para curtir o nosso evento", definiu.

O administrador de Planaltina, Wesley Fonseca, que está à frente da cidade responsável pela Feira da Uva, destacou que esses eventos auxiliam a comunidade rural das regiões e movimentam o cenário econômico das cidades. "Contribui muito para a economia. Para se ter uma ideia, em Planaltina, tivemos mais de 200 produtores expondo produtos, gerando mais de 2 mil empregos diretos só na nossa região", contou. *Adriana Izel, da Agência Brasília | Edição: Vinicius Nader

O presidente da Associação Cresce-DF, que organiza a Feira da Uva, também fez questão de reconhecer o papel do governo em incentivar o cenário da fruticultura. "Quero agradecer ao governador por ter abraçado com tanto carinho e respeito as feiras, que só têm proporcionado pontos positivos para a nossa economia e para as famílias produtoras", comentou.

 

Temporada do morango em Brazlândia impulsiona produção e economia do DF/Previsão de colheita da fruta no Distrito Federal para este ano é de 7 mil toneladas distribuídas entre 490 produtoresPara os agricultores de Brazlândia, o morango é mais que doce e vermelhinho. É uma fonte de renda, especialmente durante a Festa do Morango, com atrações que movimentam a cidade no mês de setembro, marcado pelo auge da colheita da fruta.

No Distrito Federal foram 6.517 toneladas de morango produzidas em 2022. Para este ano, a expectativa da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Distrito Federal (Emater-DF) é de colher sete mil toneladas de morango.

Região de destaque nessa cultura, Brazlândia possui uma área de 50 hectares de produção de morangos, que no ano passado foi responsável por 5.088 toneladas produzidas. A colheita movimentou R$ 50 milhões na economia do DF.

Produtor Marcos Almeida: "A região é propícia para cultivar morango" | Fotos: Joel Rodrigues/Agência Brasília

Atualmente há 490 produtores de morango no Distrito Federal, sendo que 359 estão em Brazlândia. Entre eles, o produtor Marcos Almeida, que trabalha com a especialidade há cerca de 10 anos em uma das propriedades mais antigas do morango da região. De acordo com ele, foi ali na Chácara Nossa Senhora Aparecida que a primeira pessoa plantou morango na região administrativa.

Nas palavras do produtor, "falou Brazlândia, falou morango". A propriedade que ele trabalha conta com 160 mil plantas, com variedades de morango como San Andreas, Alpina 10, Camarosa, Dover e Tudla. A colheita chega a mil caixas por semana durante o auge da produção.

A produção do morango compõe de 80% a 90% no lucro da propriedade, que fornece morangos para os mercados de Brasília, Anápolis (GO) e Goiânia (GO). "A região é propícia para cultivar morango. Já tentaram produzir morango em outras regiões do Distrito Federal e até se produz, mas não tanto como aqui em Brazlândia", afirma Marcos.

"O morango virou o ouro aqui de Brazlândia", diz Nadja Oliveira, extensionista rural da Emater

Clima favorável - A engenheira agrônoma e extensionista rural da Emater-DF Nadja Oliveira apontou a altitude de 1.200 metros e a variação térmica como principais fatores que incentivam o desenvolvimento do morango em Brazlândia.

"Aqui foi uma região que se adaptou muito bem à cultura do morango. Tem dias mais quentes e noites mais frias que, para o morango, é essencial. O morango virou o ouro aqui de Brazlândia. Quase todos os produtores, chegando nessa época, tem essa hortaliça na propriedade, porque é realmente uma fonte de renda para eles", reforça Nadja.

A extensionista também destaca o papel da Emater na orientação e acompanhamento dos produtores da região, começando por uma análise de solo para uma atuação correta de adubação. A partir daí, os extensionistas recomendam as melhores cultivares, de acordo com a época. Além das orientações de acesso ao crédito, aplicação de produtos químicos e cursos variados na área rural.

Celebração - A Festa do Morango ocorre entre o finalzinho de agosto e início de setembro, porque qualquer morango, tanto de dias neutros quanto de dias curtos, está no auge da produção nessa época. Para a engenheira agrônoma, é uma forma de estimular e aumentar a renda para o produtor. Alguns têm acesso à Morangolândia e vendem o produto in natura ou processado, na forma de geleia ou doces variados, como tortas e outros produtos no espaço.  *Jak Spies, da Agência Brasília | Edição: Carolina Lobo - Fotos: Agência Brasília

"É também uma chance dele levar a produção para mais um ponto de venda, além de uma divulgação dessa cultura. Parece fácil, mas é difícil fazer uma colheita. E muitas pessoas conseguem conhecer a região, ver que Brasília não é só o centro, temos uma área produtiva enorme e muito produtiva", observa Nadja.

A Emater teve um estande na festa, onde a população pode saber mais sobre o produto e a produção. Veja vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=KeZJ28gfeqo

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