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Pesquisa argentina promove o uso da energia eólica para produzir frutas de alta qualidade, com quase o dobro da doçura daquela obtida em outras latitudes

Biofilme comestível prolonga vida útil de morangos e reduz desperdício


Morangos do vento: Em Chubut, o INTA Esquel promove o uso da energia eólica para produzir frutas de alta qualidade, com quase o dobro da doçura daquela obtida em outras latitudes  

A partir de um acordo com a Fundação 500RPM, dedicada às energias renováveis, pesquisadores e extensionistas do INTA Esquel, na província de Chubut, promovem o uso de energias como eólica e solar para produzir morangos de alta qualidade e alta qualidade.

"Frutillas del viento", nome dado a esta iniciativa da qual já participam 23 produtores de diferentes localidades, funciona há três anos com uma média de 15.000 a 17.000 mudas cultivadas anualmente.

A produção é realizada inteiramente em microtúneis com irrigação por gotejamento, cujas bombas são movidas pela energia gerada por turbinas eólicas e painéis solares, que possuem cobertura do solo com black mulch e plantio de camalhões em fileira dupla.

"Com o sistema de irrigação por gotejamento é possível fazer um uso eficiente e racional da água, pois a cada dia varia o nível de irrigação exigido pela cultura, seja pela temperatura ou pelo vento. Para realizar a integração das energias renováveis, construíram moinhos eólicos que são realizados com escolas técnicas da província. Estes convertem a energia eólica em energia elétrica e são utilizados em instalações de produção, bem como em painéis fotovoltaicos", explicou Eduardo Miserendino, profissional do INTA Esquel.

Isto é fundamental considerando o quão desigual é a precipitação anual de Chubut: enquanto na área de Esquel o regime de chuvas é de 500 a 600 milímetros por ano, em outras localidades não excede 200 milímetros. A isto devemos acrescentar que durante a época produtiva, que se estende de setembro a maio, o clima é variável e pode apresentar ventos, geadas e dias quentes.

"A variabilidade climática é mitigada com o microtúnel. O que permite, ao gerir a abertura e o fecho, manter as temperaturas adequadas à cultura e protegê-la do vento. Não há mês sem geadas, por isso devemos estar atentos para proteger a cultura", afirmou o especialista do INTA.

Nesta porção do território o plantio desta fruta é realizado entre setembro e outubro, para ser colhida entre novembro e março. Embora a campanha comece nos meses frios, graças ao microtúnel, conseguem-se temperaturas internas mais elevadas que favorecem o seu desenvolvimento.

Este processo resulta numa característica fundamental destes morangos, que tem a ver com a sua doçura. Com dias de verão mais longos que em outras áreas, que chegam a 16 horas de luz; e com temperaturas noturnas em torno de 8 a 13 graus, as plantas têm mais horas para realizar a fotossíntese e produzir açúcar. Isto resulta em frutas com 10 a 14 graus brix, enquanto os morangos obtidos em outros lugares têm 7 a 8 graus de doçura.

Ainda assim, Miserendino esclareceu: "Este processo, se não for acompanhado de uma gestão adequada da fertilização, pode apresentar variações. Da "Frutillas del viento", a equipe técnica do INTA ajusta a fertilização de cada um dos produtores de acordo com as características dos seus solos, água e tempos de irrigação. Por outro lado, propõe a utilização de fertilizantes orgânicos para fertirrigação e realiza testes com microrganismos locais como promotores de crescimento para que as culturas sejam seguras e produtivas."

Em relação aos aerogeradores, o especialista explicou que são acionados pelo vento e que, dependendo da velocidade, geram energia que é armazenada em baterias. Porém, se o vento ficar excessivo, o modelo utilizado possui sistema de autofrenagem para protegê-lo. Da mesma forma, se a energia gerada for muita, ela é desviada para um resistor para evitar problemas.

Deste projeto já foram plantadas mais de 50.000 mudas de morango, que foram distribuídas entre Alto Río Percy, Cholila, El Hoyo, Paso del Sapo, Costa del Lepá, Paso de Indios, Tecka e Esquel. *Bichos de Campo/Argentina - 23/01/2025.

Você sabe o que é agricultura vertical? Até 2025, estarão disponíveis os primeiros morangos cultivados numa quinta que, com tecnologia pura, evita todos os dilemas da natureza. Veja mais: https://bichosdecampo.com/sabes-de-que-se-trata-la-agricultura-vertical-para-2025-estaran-disponibles-las-primeras-frutillas-cultivadas-dentro-de-una-granja-que-a-pura-tecnologia-esquiva-todos-los-dilemas-de-la-naturale/ - 27/09/2024. 

Biofilme comestível prolonga vida útil de morangos e reduz desperdício - Tecnologia sustentável aproveita resíduos agrícolas e pesqueiros para criar revestimento protetor

Uma pesquisa conduzida por cientistas do Instituto de Química de São Carlos da Universidade de São Paulo (IQSC-USP) resultou no desenvolvimento de um biofilme comestível capaz de dobrar o tempo de conservação de morangos refrigerados. Essa inovação, fruto do reaproveitamento de casca de romã e de quitosana derivada de lulas, destaca-se como uma solução promissora para reduzir perdas pós-colheita e agregar valor a resíduos agroindustriais.

O biofilme mostrou eficácia ao proteger os morangos de contaminação por fungos, retardando o metabolismo dos frutos e minimizando a perda de umidade e nutrientes. Durante 12 dias de armazenamento refrigerado, os morangos revestidos apresentaram até 11% menos perda de peso e levaram entre seis e oito dias para mostrar sinais de deterioração, em comparação aos quatro dias registrados pelos frutos não tratados.

O morango, uma das frutas mais perecíveis do mercado brasileiro, foi escolhido como modelo para os testes devido à sua alta suscetibilidade à desidratação e ao ataque de microrganismos. A película, composta por uma combinação de gelatina e quitosana extraída de lulas, não alterou o sabor ou aroma da fruta, conforme avaliação sensorial realizada com universitários do IQSC-USP.

Os antioxidantes da casca de romã, extraídos com eficiência 84,2% maior por meio de solventes eutéticos naturais, desempenham um papel fundamental no revestimento. Eles conferem propriedades antimicrobianas e antioxidantes à película, potencializando sua capacidade de preservar a textura, cor e compostos bioativos da fruta.

Além de ampliar a vida útil dos morangos, a tecnologia contribui para reduzir o desperdício alimentar, uma preocupação crescente em mercados e cadeias de abastecimento. Com um custo estimado de R$ 0,15 por fruta, o biofilme se apresenta como uma alternativa economicamente viável para consumidores e produtores que buscam maior durabilidade e qualidade dos alimentos.

O desenvolvimento contou com a colaboração da Embrapa Instrumentação e da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), com apoio da FAPESP. A pesquisa resultou no pedido de patente do biofilme, abrindo caminho para futuras parcerias com empresas interessadas na aplicação comercial da tecnologia. *Escrito por Equipe eCycle - 15/01/2025.

Este avanço exemplifica o potencial de soluções sustentáveis e reforça a importância da inovação no aproveitamento de resíduos para criar produtos que atendam às demandas de conservação e qualidade alimentar.

 

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