Com 80% da safra do primeiro semestre deste ano comprometida, os produtores de frutas do Vale do São Francisco estão cobrindo dos pomares e ampliando os tratos culturais. As medidas são para reduzir os impactos das chuvas que prejudicam os plantios da região desde outubro de 2021 e levaram a prejuízos de cerca de R$ 80 milhões. As perdas de uvas de mesa e mangas somam 30 mil toneladas.
Os maiores investimentos estão sendo realizados pelos produtores de uva, considerada uma das frutas mais sensíveis às condições climáticas, segundo Jailson Lira, presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Petrolina (SPR). As uvas ocupam hoje uma área de 12 mil hectares no vale. ?Os produtores estão tendo que fazer um investimento que varia entre R$ 60 mil e R$ 80 mil por cada hectare de uva coberto com lonas plásticas. Um valor muito alto para pequenos e médios produtores?, disse.
De acordo com o presidente do sindicato, os custos dos produtores também aumentaram em até 40% nos tratos culturais, o inclui medidas de limpeza dos cachos e pulverização dos parreirais devido a doenças provocadas por fungos.
A intensidade das chuvas na região foi de até 500 milímetros por semana desde outubro do ano passado e a preocupação é com o que está por acontecer. A previsão de que as precipitações ocorram até meados do mês de abril, quadro que foge à realidade dos últimos 15 anos na região, onde existem mais de dois mil fruticultores.
Na Fazenda Frutas do Sol, no projeto de irrigação Senador Nilo Coelho, as perdas foram de 600 toneladas de uvas, o que representa R$ 4 milhões em prejuízo. ?Fizemos a cobertura com as lonas plásticas de 11 dos 103 hectares implantados e estamos ampliando a proteção principalmente nas áreas que cultivamos as variedades menos resistentes às chuvas?, disse o coordenador de produção da fazenda, Marcos Antônio.
Manga - Os fruticultores de manga também estão ampliando os investimentos para reduzir os prejuízos, procurando diminuir o aborto das flores, a baixa produtividade e o atraso do cronograma de produção da fruta. O produtor Eduardo Ferraz, com 65 hectares de plantio no município de Cabrobó, aumentou o sistema de drenagem nas áreas plantadas, atento à época das floradas e de futuras colheitas.
Em função das chuvas, Eduardo Ferraz perdeu 150 toneladas de manga das variedade Kent, Palmer e Keitt, totalizando um prejuízo de R$ 300 mil. Além da drenagem da área, tanto em nível superficial quanto subterrânea, o produtor tem aplicado mais recursos nas pulverizações para o combate de pragas e doenças.
*Diário de Pernambuco ? 28/02/2022